Utensílios domésticos e madeira “esquentada”
A empresa
Tramontina.
Perfil
Fundada em 1911, a Tramontina – gigante brasileira do setor de utilidades domésticas – emprega hoje seis mil funcionários e tem seus produtos presentes em mais de 120 países. A empresa possui dez unidades fabris espalhadas pelo território nacional. Elas são responsáveis pela produção de uma grande variedade de produtos, como móveis, equipamentos elétricos, ferramentas, utensílios diversos para a casa e material para jardinagem.
O problema
A fábrica de Belém (PA) da Tramontina adquiriu, em 2010, madeira de fornecedor que enfrenta diversos processos por crimes ambientais.
O caso
Entre janeiro e abril de 2010, a ABM Exportação e Serviços Ltda., sediada em Marituba (PA), forneceu por diversas vezes madeira serrada para a unidade industrial da Tramontina localizada em Belém. O material foi beneficiado a partir de espécies típicas da Amazônia brasileira, como o tauari e o curupixá.
A empresa responde a dois processos por crimes ambientais no Pará, tendo inclusive já sido condenada em primeira instância em um deles. As acusações envolvem, por exemplo, extração ilegal de madeira, desmatamento sem autorização e uso de documento falso para acobertar o transporte de cargas.
Nos últimos dez anos, diversos autos de infração foram lavrados pelo Ibama contra a ABM Exportação e Serviços Ltda. Dentre as autuações, constam multas por transportar madeira sem documento que garantisse a origem legal da matéria-prima, bem como vender madeira serrada sem licença para tanto.
Em dezembro de 2008, no maior conjunto de ações por irregularidades ambientais já encaminhado pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal no Pará, a madeireira de Marituba foi incluída entre os empreendimentos processados. O MPF, numa ação avaliada em R$ 1,4 milhão, identificou irregularidades relacionadas à ABM envolvendo 1,1 mil metros cúbicos de madeira ilegal.
Relação com o consumidor paulistano
A fábrica de Belém da Tramontina produz móveis, tábuas de corte, cabos e outras utilidades de madeira que estão presentes em boa parte dos cerca de 17 mil itens comercializados pela marca em todo o Brasil.
O que diz a empresa
Informada por esta pesquisa sobre os problemas envolvendo a ABM Exportação e Serviços Ltda., a Tramontina afirmou que não voltará a comprar do fornecedor.
“Sempre procuramos conhecer os fornecedores antes de comprar, verificar se possuem instalações físicas, solicitar cópias de documentos, além de fazer consultas no site do Ibama para saber quais empresas já foram condenadas”, coloca a empresa, por meio de sua assessoria de comunicação.
A Tramontina ressaltou ainda que tem dado preferência à compra de madeira certificada. E que, além disso, exige a documentação dos órgãos ambientais competentes garantindo a origem da madeira.
É importante ressaltar, no entanto, que são frequentes as fraudes para o “esquentamento” de madeira ilegal – através de práticas como, por exemplo, falsificação dos documentos sobre a origem da matéria-prima, crime pelo qual inclusive está sendo processada a ABM Exportação e Serviços Ltda.
Nesse cenário, pesquisar o histórico de infrações ambientais dos fornecedores é uma prática fundamental na busca pela sustentabilidade de cadeias produtivas do setor madeireiro.
Anexo
Clique aqui para acessar um PDF com a íntegra do posicionamento das empresas.
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