Conexões Sustentáveis – Quem se beneficia com a destruição da Amazônia? 2011-02-23T20:34:36Z http://conexoes.reporterbrasil.org.br/?feed=atom admin <![CDATA[Soja pirata em terra indígena]]> http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?p=107 2011-02-16T14:35:34Z 2011-02-02T01:01:45Z

As empresas

Bunge, Multigrain, Company e Cargill.

Perfis

Empresa de origem holandesa, a Bunge é a maior exportadora do agronegócio no Brasil, país onde possui cerca de 150 unidades – indústrias, centros de distribuição, silos e instalações portuárias – distribuídas por 16 estados.

A Multigrain, cujas operações brasileiras estão sediadas em São Paulo (SP), é outro importante grupo internacional que opera no comércio internacional de soja, algodão, trigo, açúcar, fertilizantes e etanol.

Já a Company Comércio e Representações Ltda. é uma empresa regional sediada em Primavera do Leste (MT), com atuação no comércio atacadista de soja.

Por fim, a Cargill – de matriz norte-americana – opera no Brasil desde 1965 e é uma das principais exportadoras de soja do país, mantendo escritórios e unidades industriais espalhadas por 120 municípios.

O problema

Bunge, Multigrain e Company (fornecedora da Cargill) mantiveram relações comerciais com fazendas do grupo Capim Fino, possuidor de áreas embargadas pelo Ibama no Mato Grosso e dono de uma propriedade instalada irregularmente na Terra Indígena Maraiwatsede.

O caso

A Terra Indígena Maraiwatsede, da etnia Xavante, foi homologada em 1998 pelo governo federal. No entanto, ainda hoje possui a maior parte de sua área ocupada de forma irregular por fazendeiros. Entre os ocupantes está Antônio Penasso, que cultiva soja na Fazenda Colombo, localizada na porção sul da Terra Indígena. Ela é apenas uma das propriedades mato-grossenses do grupo Capim Fino, pertencente à família Penasso, e que computa mais de R$ 58 milhões em multas por crimes ambientais.

Em 2008, a Fazenda Colombo teve milhares de hectares embargados pelo Ibama após a constatação no local de queimadas ilegais e do impedimento da regeneração natural de florestas nativas. Apesar do embargo, o Instituto flagrou tais áreas em plena colheita de soja durante a Operação Soja Pirata, em março de 2010 – ou seja, produzindo de forma irregular. Na ocasião, a Company Comércio e Representações Ltda. foi notificada pela receptação da soja ilegal. Em 2009 e 2010, a Company manteve relacionamento comercial com importantes traders do setor, como a Cargill.

Também possuidoras de áreas embargadas, duas outras propriedades do grupo Capim Fino – as fazendas Mata Azul e Capim Fino – foram objeto de contrato de venda de soja firmado com a Multigrain para a safra 2009/2010. Durante a Operação Soja Pirata, foi constatado nestes locais o plantio em terras objeto de embargo, e apreendida a matéria-prima que seria destinada à empresa.

Apesar de Antônio Penasso figurar na lista de áreas embargadas do Ibama desde 2008, a unidade de Bom Jesus do Araguaia (MT) da Bunge adquiriu soja do produtor no ano passado, proveniente de suas terras localizadas em Alto da Boa Vista (MT).

Relação com o consumidor paulistano

A Bunge fabrica, entre outros produtos, óleos de soja, margarinas e azeites, que chegam às principais redes de supermercados de São Paulo (SP) – Carrrefour, Pão de Açúcar, Sonda e Walmart – através de marcas conhecidas do mercado, como Delícia, Primor, Soya, Cyclus e Salada. Além disso, é responsável pela produção do óleo de soja das marcas Carrefour e Qualitá (grupo Pão de Açúcar).

A Cargill também abastece as maiores redes varejistas da capital paulista com óleos, azeites, maioneses e molhos para salada, dentre outros produtos. Possui marcas bastante conhecidas do público consumidor como os óleos Liza, Maria, Mazola, a maionese Gourmet e o azeite Gallo.

O que dizem as empresas

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Bunge informou que tem como política a não aquisição de produtos cultivados em áreas embargadas e que a soja comprada de Antônio Penasso não teria sido produzida em terrenos interditados pelo Ibama por problemas ambientais. “Existe um criterioso acompanhamento da origem dos grãos para este fim”, sustenta a nota da empresa.

Vale ressaltar que, de acordo com os critérios da articulação Conexões Sustentáveis São Paulo – Amazônia, as restrições comerciais devem ser aplicadas não apenas à área objeto de embargo, mas a todos os empreendimentos de um produtor cujo nome figura da lista do Ibama. Nenhuma das principais empresas compradoras do grão no Brasil aderiu ao Pacto da Soja proposto pela articulação em 2008.

A Multigrain alega que houve uma falha de informação no site do Ibama, o que induziu a empresa a firmar um contrato de compra de soja produzida em área embargada. “O incidente levou a própria Multigrain a ser vitimada, pois toda a soja produzida pelos referidos senhores foi apreendida pelo Ibama. Fique claro que tais produtores contendem com o Ibama na esfera da Justiça Federal e, recentemente, foi liberada, através de alvará judicial, a comercialização da soja apreendida. Todavia, a Multigrain, mesmo com a liberação judicial, cuidou de se abster de adquirir a soja, que veio a ser comercializada com outras empresas do ramo”, diz nota emitida pela direção da empresa.

Procurada pelo Conexões Sustentáveis, a Company Comércio e Representações Ltda. não se manifestou. Já a Cargill, que tem a Company como fornecedora, afirma que não realizou negócios com a companhia na região onde se localiza a Terra Indígena. De qualquer maneira, a Cargill informa que “suspendeu o relacionamento com a referida empresa, em todas as regiões”.

Em nota, o Grupo Pão de Açúcar afirma que “solicitou imediatamente esclarecimento por parte dos fornecedores envolvidos”. Além disso, a resposta da companhia diz ainda que “confirmadas as evidências, tomará medidas cabíveis, como a suspensão dos contratos de fornecimento, até que a situação esteja resolvida”.

O Walmart declarou que, nos últimos anos, vem desenvolvendo diversas ações visando adequar os produtos que comercializa aos critérios do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e dos pactos setoriais do Conexões Sustentáveis. A empresa reconhece, no entanto, que os resultados ainda não são suficientes. “Temos mantido discussões constantes com os fornecedores indicados no estudo para buscar as soluções necessárias”, atesta nota emitida pela Vice Presidência de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade.

O Carrefour informou, através de nota, que tem um rígido controle para evitar, em todas as linhas de produto que comercializa, compras de áreas que violam as legislações ambientais e trabalhistas. Em relação aos seus fornecedores listados no estudo, a empresa afirma ter entrado em contato solicitando esclarecimentos sobre os fatos relatados. “Foi informado que as compras de matéria-prima ou insumos não foram realizadas em áreas embargadas ou constantes da lista suja”, diz o Carrefour.

Mais uma vez, é importante esclarecer que, de acordo os pactos do Conexões Sustentáveis – que têm o Carrefour como signatário –, as empresas não devem adquirir insumos de quaisquer empreendimentos pertencentes a fornecedores incluídos na lista de embargos do Ibama ou na “lista suja” do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Procurado, o grupo Sonda não se manifestou.

Anexo

Clique aqui para acessar um PDF com a íntegra do posicionamento das empresas.

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admin <![CDATA[Utensílios domésticos e madeira “esquentada”]]> http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?p=292 2011-02-08T20:02:08Z 2011-02-01T21:17:34Z  

A empresa

Tramontina.

Perfil

Fundada em 1911, a Tramontina – gigante brasileira do setor de utilidades domésticas – emprega hoje seis mil funcionários e tem seus produtos presentes em mais de 120 países. A empresa possui dez unidades fabris espalhadas pelo território nacional. Elas são responsáveis pela produção de uma grande variedade de produtos, como móveis, equipamentos elétricos, ferramentas, utensílios diversos para a casa e material para jardinagem.

O problema

A fábrica de Belém (PA) da Tramontina adquiriu, em 2010, madeira de fornecedor que enfrenta diversos processos por crimes ambientais.

O caso

Entre janeiro e abril de 2010, a ABM Exportação e Serviços Ltda., sediada em Marituba (PA), forneceu por diversas vezes madeira serrada para a unidade industrial da Tramontina localizada em Belém. O material foi beneficiado a partir de espécies típicas da Amazônia brasileira, como o tauari e o curupixá.

A empresa responde a dois processos por crimes ambientais no Pará, tendo inclusive já sido condenada em primeira instância em um deles. As acusações envolvem, por exemplo, extração ilegal de madeira, desmatamento sem autorização e uso de documento falso para acobertar o transporte de cargas.

Nos últimos dez anos, diversos autos de infração foram lavrados pelo Ibama contra a ABM Exportação e Serviços Ltda. Dentre as autuações, constam multas por transportar madeira sem documento que garantisse a origem legal da matéria-prima, bem como vender madeira serrada sem licença para tanto.

Em dezembro de 2008, no maior conjunto de ações por irregularidades ambientais já encaminhado pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal no Pará, a madeireira de Marituba foi incluída entre os empreendimentos processados. O MPF, numa ação avaliada em R$ 1,4 milhão, identificou irregularidades relacionadas à ABM envolvendo 1,1 mil metros cúbicos de madeira ilegal.

Relação com o consumidor paulistano

A fábrica de Belém da Tramontina produz móveis, tábuas de corte, cabos e outras utilidades de madeira que estão presentes em boa parte dos cerca de 17 mil itens comercializados pela marca em todo o Brasil.

O que diz a empresa

Informada por esta pesquisa sobre os problemas envolvendo a ABM Exportação e Serviços Ltda., a Tramontina afirmou que não voltará a comprar do fornecedor.

“Sempre procuramos conhecer os fornecedores antes de comprar, verificar se possuem instalações físicas, solicitar cópias de documentos, além de fazer consultas no site do Ibama para saber quais empresas já foram condenadas”, coloca a empresa, por meio de sua assessoria de comunicação.

A Tramontina ressaltou ainda que tem dado preferência à compra de madeira certificada. E que, além disso, exige a documentação dos órgãos ambientais competentes garantindo a origem da madeira.

É importante ressaltar, no entanto, que são frequentes as fraudes para o “esquentamento” de madeira ilegal – através de práticas como, por exemplo, falsificação dos documentos sobre a origem da matéria-prima, crime pelo qual inclusive está sendo processada a ABM Exportação e Serviços Ltda.

Nesse cenário, pesquisar o histórico de infrações ambientais dos fornecedores é uma prática fundamental na busca pela sustentabilidade de cadeias produtivas do setor madeireiro.

Anexo

Clique aqui para acessar um PDF com a íntegra do posicionamento das empresas.

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admin <![CDATA[Material de construção e crime ambiental]]> http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?p=286 2011-02-06T14:45:29Z 2011-02-01T21:01:24Z  

A empresa

W. Bertolo

Perfil

Presente há mais de 20 anos no mercado, a W. Bertolo é uma empresa especializada na produção de escadas, cavaletes de sinalização e outros acessórios para a construção civil. Ela possui uma fábrica no município de Borborema (SP), onde está sediada, além de uma filial em Sinop (MT). Seus produtos abastecem revendedores de materiais de construção e também o setor público.

O problema

A empresa recebeu matéria-prima de madeireira paraense autuada diversas vezes por crimes ambientais.

O caso

Em julho de 2010, a fábrica da W. Bertolo em Borborema (SP) recebeu tábuas de freijó provenientes da Imapel Madeiras, madeireira localizada no município de Ulianópolis, no Nordeste do Pará. Desde 2008 ela integra a lista de áreas embargadas do Ibama por exercer suas atividades produtivas de forma ilegal.

A empresa foi incluída na lista após ser autuada explorando floresta sem plano de manejo na Fazenda Terra do Sol, em Paragominas (PA). Na última década, o município foi um dos campeões do desmatamento na Amazônia brasileira, apesar de ter reduzido significativamente a derrubada de mata nativa nos últimos dois anos – fato que inclusive retirou Paragominas, em 2010, da lista de áreas prioritárias para ações do governo federal no combate ao desflorestamento.

Esta autuação, no entanto, não foi o único problema identificado pelas autoridades ambientais em relação à empresa: nos últimos dez anos, a Imapel Madeiras também foi multada, por exemplo, por receber e transportar matéria-prima sem licença válida, bem como por vender madeira com documentação florestal falsificada.

Relação com o consumidor paulistano

O freijó, espécie típica da floresta amazônica, é utilizado pela W. Bertolo na fabricação de escadas, cujas vendas na cidade de São Paulo remetem a redes varejistas como, por exemplo, a multinacional de origem francesa Leroy Merlin – que, além de lojas nos principais centros consumidores paulistas, também está presente em seis outros estados brasileiros.

Dona de um centro de distribuição na capital paulista, a AnFreixo, empresa do grupo Votorantim que fornece equipamentos de manutenção e reparos ao setor industrial, também foi identificada comercializando escadas de madeira da W. Bertolo.

O que dizem as empresas

Procuradas, a W. Bertolo e a Leroy Merlin não se manifestaram. Já a empresa do grupo Votorantin informou que “o fornecedor W.Bertolo foi descredenciado pela AnFreixo por não apresentar uma política comercial adequada de fornecimento. Atualmente os produtos deste fabricante encontram-se bloqueados para compra e venda em nosso sistema”.

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admin <![CDATA[Problemas ambientais na indústria moveleira]]> http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?p=182 2011-02-08T21:39:44Z 2011-02-01T19:05:30Z As empresas

Bartira e Santos Andirá.

Perfil

Empresa ligada ao Grupo Casas Bahia, a Bartira abastece exclusivamente as mais de 500 lojas da rede, presente em 11 estados brasileiros e no Distrito Federal. Suas duas plantas industriais estão localizadas no ABC Paulista, nas cidades de Santo André e de São Caetano do Sul.

Fundada na década de 1960, a Santos Andirá é uma das maiores fabricantes de móveis da América Latina, mas também atua no setor de transporte. Seu parque industrial está instalado no município de Andirá (PR) e emprega 500 funcionários diretos.

O problema

As empresas adquiriram madeira da empresa Berneck, que figura no cadastro de áreas embargadas do Ibama. Seu proprietário também já constou da “lista suja” do trabalho escravo, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O caso

Gilson Mueller Berneck, dono da Berneck, possui duas grandes fazendas em Brasnorte (MT), onde desenvolve a atividade de reflorestamento de teca – árvore muito utilizada pela indústria moveleira – e também realiza o processamento industrial da madeira. A família Berneck acumula sérios passivos ambientais. Uma de suas propriedades no município tem uma área de 1,85 mil hectares embargada pelo Ibama por desmatamento ilegal. A impressionante dimensão de mata nativa amazônica devastada – o equivalente a quase 2 mil campos de futebol – fez com que o grupo madeireiro fosse incluído na lista dos 100 maiores desmatadores da Amazônia, divulgada em 2008 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). O valor da multa aplicada pelo órgão ambiental à empresa foi de R$ 2,775 milhões. Além dos problemas em Brasnorte, outra propriedade ligada ao Grupo Berneck localizada no município de Juara (MT) também possui área embargada.

Além dos problemas ambientais, o dono da empresa entrou na “lista suja” do trabalho escravo em julho de 2008 devido a uma fiscalização em suas fazendas de Brasnorte que libertou 47 pessoas de situação análoga à de escravidão. Porém, em julho de 2009, obteve da Justiça o direito de sair da relação. O Ministério do Trabalho e Emprego e a Advocacia Geral da União estão recorrendo para devolver a empresa à lista.

Segundo relatos dos auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), alguns dos trabalhadores que prestavam serviço à Berneck ficaram anos sem receber salário. Além disso, eram obrigados a comprar comida, ferramentas e outros mantimentos na cantina da fazenda, acumulando dívidas ilegais com o empregador. Os trabalhadores tinham sua liberdade restringida pela distância, já que a fazenda ficava a pelo menos uma centena de quilômetros do centro de Brasnorte e não havia transporte regular que os levassem à sede do município. Terminada a fiscalização, o empresário Gilson Mueller Berneck foi obrigado a pagar R$ 264 mil por rescisões de contrato e danos morais coletivos.

Relação com o consumidor paulistano

Os móveis produzidos pelas indústrias Bartira e Santos Andirá são vendidos em redes varejistas bastante populares como Casas Bahia, Colombo, Lojas Cem, Marabraz, Ponto Frio e Magazine Luiza.

O que dizem as empresas

A empresa madeireira Berneck se pronunciou por meio de nota assinada por seu presidente, Gilson Berneck. Sobre os problemas ambientais apontados pelo Ibama nas fazendas do grupo localizadas no Mato Grosso, a nota sustenta que as “infrações apresentam vários aspectos discutíveis e que atualmente são objeto de recursos administrativos e discussão junto aos órgãos ambientais competentes”. Além disso, segundo a nota, “a empresa apresentou pré-projeto de recuperação de eventuais não conformidades nas áreas ditas degradadas”.

Com relação aos problemas trabalhistas encontrados na fazenda, a nota afirma que se tratavam de funcionários “terceirizados” e que a postura da direção da empresa, na época das fiscalizações, foi a de “não criar óbice aos trabalhos desenvolvidos pelos auditores fiscais”.  Segundo a empresa, as rescisões de contrato e os autos infracionais foram pagos “sem contestações administrativas ou judiciais”. A empresa também alega que não existem mais terceirizados trabalhando em suas instalações.

Já a gerência de marketing da Santos Andirá, cliente da madeireira Berneck, emitiu nota afirmando que exige de seus fornecedores documentos “que comprovem a certificação de origem dos insumos que adquirimos”. A direção da empresa sustenta ainda que passará a consultar a “lista suja” do trabalho escravo e a lista de embargos do Ibama antes de fechar qualquer negócio. Além disso, afirma que tomou a posição de “suspender imediatamente os contratos de comercialização, com a Berneck, até que a situação seja normalizada”.

Através de sua assessoria de comunicação, a Bartira afirmou que “diante dos fatos colocados pelo Repórter Brasil, até então, desconhecidos pela atual gestão da Indústria de Móveis Bartira, e seguindo a nova política de gestão da empresa, a Bartira declara que suspende imediatamente as relações comerciais com a madeireira Berneck, até que seja comprovado que foram sanadas todas as questões apresentadas e outras possíveis irregularidades. Além disso, a empresa inicia, desde já, a análise mais criteriosa de toda sua rede de fornecedores”.

A rede varejista Casas Bahia – que responde pelas lojas da marca Ponto Frio e que tem a Santos Andirá como uma de suas fornecedoras – também se pronunciou através de sua assessoria de imprensa. A resposta informa que a “a empresa Santos Andirá nunca foi um fornecedor fixo da Casas Bahia. Já há algum tempo, os poucos itens da empresa vêm sendo retirados do mix oferecido nas lojas de Casas Bahia e do Ponto Frio, sem renovação de pedidos”.

O Magazine Luiza, que também comercializa produtos fabricados pela Santos Andirá, afirma por meio de nota que entrou em contato com a empresa moveleira. Além disso, a empresa afirma que seus fornecedores e parceiros devem “adotar práticas contra a degradação do meio ambiente e do ser humano. Caso haja evidências de práticas contrárias a estas premissas, o Magazine Luiza romperá os acordos e compromissos comerciais com as empresas até que elas revejam sua posição e redirecionem suas atitudes”.

Já as empresas Colombo, Lojas Cem e Marabraz, apesar de procuradas pela equipe do Conexões Sustentáveis, não emitiram qualquer resposta.

Anexo

Clique aqui para acessar um PDF com a íntegra do posicionamento das empresas.

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admin <![CDATA[Madeira ilegal usada na produção de carne]]> http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?p=241 2011-02-09T00:54:50Z 2011-02-01T19:03:45Z  

A empresa

JBS Friboi (Bertin).

Perfil

Em setembro de 2009, JBS Friboi e Bertin anunciaram a fusão de suas operações, criando a maior companhia do mundo no segmento de proteína animal. O mega-frigorífico tem, entre outros acionistas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que responde por pelo menos um quinto do capital total do grupo. A empresa resultante dessa união, comandada pelo JBS Friboi, emprega cerca de 120 mil funcionários em todo o mundo. Ela detém quase 25% do mercado brasileiro de carne bovina e sua receita superou a casa dos R$ 40 bilhões, em 2010.

O problema

Uma planta industrial do grupo adquiriu madeira de empresa que já recebeu matéria-prima de fazenda com área embargada pelo Ibama.

O caso

A unidade do frigorífico Bertin, localizada no município de Tucumã (PA) e atualmente controlada pelo JBS Friboi, adquiriu por diversas vezes, entre maio e setembro de 2010, resíduos de madeira da Projeto Industrial Madeireira e Transportes Ltda. A carga era utilizada em atividades internas de geração de energia, principalmente no abastecimento de caldeiras. A empresa Projeto Industrial, por sua vez, recebeu em 2010, segundo registros oficiais, toras de madeira nativa da Fazenda Rio Tigre, que faz parte da lista de embargos do Ibama por desmatamento ilegal.

Ao vistoriarem a Rio Tigre em janeiro de 2011, fiscais do Ibama identificaram fraudes no plano de manejo aprovado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). Apesar de autorizada a explorar milhares de metros cúbicos de madeira nativa amazônica, a propriedade não possuía sequer uma floresta com potencial madeireiro em seus limites – havia apenas no local matas secundárias e pastos degradados. De acordo com o Ibama em Marabá, a fraude serviu para colocar no mercado, como se fosse legal, milhares de metros cúbicos de madeira de desmatamento provenientes de outros locais, no sul e sudeste do estado.

A Fazenda Rio Tigre foi arrendada e administrada pela Agropecuária Santa Bárbara Xinguara até abril de 2009. Um ano antes, em 2008, fiscais do Ibama autuaram a empresa e embargaram mais de 2,5 mil hectares de terras no local. Também Rosenval Alves dos Santos, o proprietário original da área – e quem vendeu a madeira para a Projeto Industrial –, possui embargo ambiental na Rio Tigre, lavrado pelo Instituto ainda em 2006. Até julho de 2009, ele integrou a “lista suja” do trabalho escravo, cadastro mantido pelo governo federal, por conta de uma libertação de 78 pessoas que trabalhavam para ele nesta mesma fazenda, em 2004.

Braço do agronegócio do Grupo Opportunity, controlado pelo banqueiro Daniel Dantas, a Agropecuária Santa Bárbara Xinguara controla mais de 500 mil hectares de terra no sul do Pará, uma área equivalente a três municípios de São Paulo, onde pastam mais de meio milhão de cabeças de gado. Ela também virou alvo de ações do Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) por devastação da floresta amazônica em nove fazendas espalhadas por cinco municípios. A Procuradoria Geral do Estado do Pará (PGE-PA) também briga na Justiça com a empresa pela propriedade de fazendas que, no entendimento do governo estadual, constituem terras públicas.

Relação com o consumidor paulistano

O JBS Friboi abastece as principais redes de supermercados de São Paulo (SP), como Pão de Açúcar, Walmart, Sonda e Carrefour.

O que dizem as empresas

Por meio de sua assessoria de imprensa, o JBS Friboi respondeu aos questionamentos sobre suas relações comerciais com a Projeto Industrial Madeireira e Transporte. “O JBS informa que ao iniciar aquisição de madeira da empresa referida, também segue as leis vigentes de legalização desta matéria-prima. Para conhecimento, ao receber a madeira em qualquer uma de suas unidades, a JBS solicita a GF- Guia Florestal e também a CEPROF – Cadastro de Exploradores e Consumidores de Produtos Florestais, não constando nenhuma ilegalidade em relação à madeira adquirida da empresa referida”. Apesar de contar com a documentação relativa à compra da madeira, a assessoria do grupo não informou se dispõe de instrumentos adicionais de controle para garantir que a matéria-prima não seja proveniente de áreas embargadas.

As redes de supermercados também se pronunciaram. Em nota, o Grupo Pão de Açúcar afirma que “solicitou imediatamente esclarecimento por parte dos fornecedores envolvidos”. Além disso, a resposta da companhia diz ainda que, “confirmadas as evidências, tomará medidas cabíveis, como a suspensão dos contratos de fornecimento, até que a situação esteja resolvida”.

Já o Walmart, signatário do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e dos pactos setoriais do Conexões Sustentáveis, declarou que, nos últimos anos, vem desenvolvendo diversas ações visando adequar os produtos que comercializa aos critérios de ambas as iniciativas. Um exemplo é a adoção, em seus contratos juntos a fornecedores, de cláusulas específicas para atender os referidos pactos. “Temos mantido discussões constantes com os fornecedores indicados no estudo para buscar as soluções necessárias. Estamos, nesse momento, retornando os questionamentos a estas empresas sobre a efetividade das ferramentas e métodos utilizados”, declara o Walmart através de nota emitida pela Vice Presidência de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade.

Procurado, o grupo Sonda não se manifestou.

Por, fim o Carrefour informou, através de nota, que tem um rígido controle para evitar, em todas as linhas de produto que comercializa, compras de áreas que violam as legislações ambientais e trabalhistas. Em relação aos seus fornecedores listados no estudo, a empresa afirma ter entrado em contato solicitando esclarecimentos frente aos fatos relatados. “Foi informado que as compras de matéria-prima ou insumos não foram realizadas em áreas embargadas ou constantes da lista suja”, diz o Carrefour.

Mais uma vez, é importante esclarecer que, de acordo os pactos do Conexões Sustentáveis – que têm o Carrefour como signatário –, as empresas não devem adquirir insumos provenientes de quaisquer empreendimentos pertencentes a fornecedores incluídos na lista de embargos do Ibama ou na “lista suja” do trabalho escravo, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ou seja, o compromisso não se restringe apenas à área específica que constar de uma dessas duas listas.

Anexo

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admin <![CDATA[A madeira duvidosa dos prédios de luxo]]> http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?p=231 2011-02-09T15:56:40Z 2011-02-01T18:08:01Z  

As empresas

Tecnisa, Stuhlberger e SKR Engenharia.

Perfil

Em pouco mais de três décadas de existência, a Tecnisa já construiu mais de 5 milhões de metros quadrados, entre empreendimentos residenciais e comerciais. Empresa de capital aberto sediada em São Paulo (SP), ela teve lucro líquido de R$ 110 milhões em 2009.

Fundada na década de 1950, também na capital paulista, a Stuhlberger já levantou edifícios nos mais valorizados bairros da cidade. Desde 2007, a empresa tem realizado investimentos em parceria com a Tecnisa, expandindo seu mercado de atuação para Curitiba (PR) e para a Baixada Santista (SP).

A SKR Engenharia atua no mercado imobiliário paulista desde 1985. A partir de 2007, ela e a Cyrela, uma das maiores incorporadoras do país, passaram a atuar em conjunto representadas por uma joint venture.

O problema

Um prédio de luxo da capital paulista – que tem a Tecnisa e a Stuhlberger como investidoras e a SKR como construtora responsável pela obra – utilizou madeira comercializada pela Sulmap. A empresa está envolvida em diversos ilícitos ambientais e sociais, como uso de planos de manejo irregulares e exploração ilegal de toras em terra indígena.

O caso

A Sulmap é controlada pelo Grupo Sincol, uma das maiores companhias do setor madeireiro no país. A corporação conta com 1,7 mil funcionários e produz principalmente portas e esquadrias, abastecendo o mercado nacional e exportando para América do Norte, União Européia e Oriente Médio. Também possui marcas próprias de portas, como Silentia, Sinkit, Indoor e Corta Fogo. O Grupo Sincol detém o selo da Forest Stewardship Council (FSC), a mais conhecida certificadora de madeira do planeta. Possui tanto áreas de manejo quanto produtos certificados, mas que não se aplicam à Sulmap. Porém, em acordo com as diretrizes do FSC, o grupo “reconhece que deverá ter uma mesma política em todas as unidades de manejo sob sua administração, mesmo aquelas que não estão abrangidas no escopo do certificado”.

Apesar de ter assumido esses compromissos ambientais, a madeireira Sulmap é acusada pelo Ministério Público Federal de envolvimento em grilagem de terras, uso de planos de manejo ilícitos e invasão de terra indígena em Colniza (MT). O local é palco de violentos conflitos fundiários e a madeireira é acusada de incentivar atividades de associação de agricultores para expulsar os índios do território. Além disso, a Sulmap consta da lista de embargos do Ibama. Desde 2006, o órgão interditou a exploração de uma área equivalente a 753 campos de futebol no município de Vera (MT) por conta de desmatamento de vegetação amazônica nativa em área de reserva legal.

Em 2009, a Sulmap forneceu produtos beneficiados de madeira para a construção de um prédio de luxo – o Sollo Vila Romana – localizado na Vila Romana, bairro nobre de São Paulo (SP). A incorporação do edifício é de responsabilidade da Fábia Empreendimento Imobiliário, uma sociedade de propósito específico com capital das construtoras Stuhlberger e Tecnisa. A obra é tocada pela SKR Engenharia.

Vale lembrar que, no primeiro estudo lançado pelo “Conexões Sustentáveis São Paulo – Amazônia” em 2008, a Sulmap já estava envolvida em irregularidades ambientais e, por essa razão, havia sido mencionada como fornecedora de madeira para outras construtoras que atuam na capital paulista.

Relação com o consumidor paulistano

As construtoras atuam diretamente no mercado imobiliário da capital paulista, como na construção do empreendimento de luxo Sollo Vila Romana.

O que dizem as empresas

A assessoria de comunicação da Tecnisa afirmou que a empresa não tem responsabilidade sobre as obras do Sollo Vila Romana, pois a participação da construtora estaria restrita “à parte de investimento de capital”.

Assim como a Tecnisa, a direção da Stuhlberger também afirmou que “tem sua participação na Fábia Empreendimentos Imobiliários SPE Ltda como investidora” apenas.

Já o engenheiro da SKR responsável pela obra do Sollo Vila Romana emitiu nota manifestando “surpresa” e “desconhecimento” sobre os problemas socioambientais relacionados à Sulmap. O funcionário da empresa também afirmou que os produtos de madeira adquiridos para a obra teriam sido acompanhados das devidas notas fiscais e guias florestais. “Acreditamos desta forma, que cumprimos todas as formalidades legais necessárias para evitar a compra de madeira ilegal (tendo em vista todos os documentos apresentados)”.

Anexo

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admin <![CDATA[O desmatamento ilegal do bife]]> http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?p=147 2011-02-16T14:42:36Z 2011-02-01T02:46:44Z  

A empresa

JBS Friboi.

Perfil

Líder mundial no abate de carne bovina, o frigorífico JBS Friboi domina ao menos um quarto do mercado brasileiro. Em 2010, seu faturamento superou a casa dos R$ 40 bilhões e as exportações alcançaram R$ 10,9 bilhões. A empresa emprega 120 mil funcionários em todo o planeta. Entre seus principais acionistas, encontra-se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a principal instituição de fomento econômico do país.

O problema

A unidade frigorífica de Redenção (PA) recebeu gado de produtor incluído na lista de embargos do Ibama por desmatar a Amazônia.

O caso

De acordo com o próprio site do JBS Friboi, que torna pública a procedência do gado abatido em suas plantas frigoríficas, a unidade de Redenção (PA) adquiriu gado da Fazenda Araguaia, localizada no município de Santa Maria das Barreiras (PA), em setembro de 2010. Essa propriedade pertence ao grande pecuarista Otacílio de Araújo Costa, que também é dono da Fazenda Guarapará, no município vizinho de Cumaru do Norte (PA). Também destinada à criação de gado bovino, o imóvel rural teve uma área equivalente a 300 campos de futebol embargada pelo Ibama em agosto de 2009, por desmatamento ilegal de floresta nativa.

É importante salientar que, de acordo com os compromissos contidos no pacto do Conexões Sustentáveis – do qual o JBS é signatário –, as empresas não devem adquirir insumos de quaisquer produtores incluídos na lista de embargos do Ibama. Esse compromisso se estende a todos os empreendimentos do fornecedor, e não apenas a uma fazenda ou área específica que constar desse cadastro.

Relação com o consumidor paulistano

O JBS Friboi abastece as principais redes de supermercados de São Paulo – como Pão de Açúcar, Walmart, Sonda e Carrefour – através de marcas de carne e laticínios bastante conhecidas, como, por exemplo, Swift, Friboi, Vigor, Leco, Pilgrim’s e Bertin.

O que dizem as empresas

A assessoria de imprensa do JBS informa que “segue rigorosamente a determinação de não comprar bois de fazendas embargadas” e “reafirma que não realizou nenhuma compra de fazendas que estejam embargadas pelo Ibama”. A empresa afirma ainda que, no momento da entrega do gado em suas unidades de produção, solicita a GTA (Guia de Trânsito Animal) que comprova a procedência do local de onde o gado partiu (da fazenda para a indústria). Segundo a assessoria do grupo, o JBS Friboi teria documentos que comprovariam que “o gado adquirido pela companhia é procedente de uma fazenda legalizada e que cumpre as boas práticas sociais e ambientais”.

O Conexões Sustentáveis São Paulo – Amazônia também indagou se o JBS Friboi dispõe de mecanismos de controle para garantir que o gado criado em uma fazenda com área embargada não chegue até suas unidades de abate, depois de passar por outras fazendas do mesmo produtor sem passivos ambientais. Essa seria uma forma bastante simples, por exemplo, de burlar a legislação. A assessoria de imprensa respondeu que “está analisando este item” e que “em breve terá uma definição de como proceder, pois impacta fortemente na questão econômica para cada planta de abate”.

Os varejistas também se pronunciaram. Em nota, o Grupo Pão de Açúcar afirma que “solicitou imediatamente esclarecimento por parte dos fornecedores envolvidos”. Além disso, a resposta da companhia diz ainda que “confirmadas as evidências, tomará medidas cabíveis, como a suspensão dos contratos de fornecimento, até que a situação esteja resolvida”.

Já o Walmart, signatário do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e dos pactos setoriais do Conexões Sustentáveis, declarou que, nos últimos anos, vem desenvolvendo diversas ações visando adequar os produtos que comercializa aos critérios de ambas as iniciativas. Um exemplo é a adoção, em seus contratos juntos a fornecedores, de cláusulas específicas para atender os referidos pactos. “Temos mantido discussões constantes com os fornecedores indicados no estudo para buscar as soluções necessárias. Estamos, nesse momento, retornando os questionamentos a estas empresas sobre a efetividade das ferramentas e métodos utilizados”, declara o Walmart através de nota emitida pela Vice Presidência de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade.

Procurado, o grupo Sonda não se manifestou.

Por fim, o Carrefour informou, através de nota, que tem um rígido controle para evitar, em todas as linhas de produto que comercializa, compras de áreas que violam as legislações ambientais e trabalhistas. Em relação aos seus fornecedores listados no estudo, a empresa afirma ter entrado em contato solicitando esclarecimentos sobre os fatos relatados. “Foi informado que as compras de matéria-prima ou insumos não foram realizadas em áreas embargadas ou constantes da lista suja”, diz o Carrefour.

Mais uma vez, é importante esclarecer que, de acordo os pactos do Conexões Sustentáveis – que têm o Carrefour como signatário –, as empresas não devem adquirir insumos de qualquer empreendimento pertencente a fornecedores incluídos na lista de embargos do Ibama ou na “lista suja” do trabalho escravo, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ou seja, o compromisso não se restringe apenas à área específica que constar de uma dessas duas listas.

Anexo

Clique aqui para acessar um PDF com a íntegra do posicionamento das empresas.

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admin <![CDATA[Um pecuarista multado em R$ 14 milhões]]> http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?p=145 2011-02-16T14:42:05Z 2011-02-01T02:44:05Z As empresas

Frialto/ Vale Grande, Guaporé Carne, JBS Friboi, Quatro Marcos e Pantanal.

Perfis

Originário de uma pequena planta de abate fundada há 58 anos em Anápolis (GO), o grupo JBS Friboi é hoje o maior processador de carne do mundo. Possui escritórios e unidades produtivas espalhadas por 21 países.

Dono de entreposto de carnes em Jundiaí (SP), a 60 km da capital paulista, o grupo Frialto/ Vale Grande controla oito unidades de abate espalhadas por quatro estados brasileiros: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Já o grupo Guaporé Carne, cujas operações comerciais estão sediadas em Barueri (SP), atua através de quatro frigoríficos localizados nos estados do Mato Grosso, Pará e Rondônia.

Quatro Marcos e Pantanal possuem suas operações de abate concentradas principalmente no Mato Grosso. Ambas as empresas enfrentam atualmente dificuldades econômicas. O Pantanal está com suas atividades produtivas paralisadas, e o Quatro Marcos funciona parcialmente.

O problema

Todos esses frigoríficos adquiram gado bovino de Ricardo José de Oliveira Filho, que possui área embargada pelo Ibama por desmatamento ilegal.

O caso

Desde agosto de 2008, o produtor Ricardo José de Oliveira Filho possui área embargada por crimes ambientais em Marcelândia (MT), na propriedade Estância Primavera, localizada no entorno do Parque Indígena do Xingu. Foi identificada no local a destruição irregular de 2,8 mil de hectares de floresta amazônica – equivalente a cerca de 2,8 mil campos de futebol –, fato que levou o Ibama a multar o pecuarista em R$ 14 milhões. A infração o colocou na 42ª posição entre os 100 maiores desmatadores da Amazônia, de acordo com lista divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) ainda em 2008.

Desde então, Ricardo José de Oliveira Filho continuou comercializando seu gado com importantes empresas frigoríficas atuantes na Amazônia Legal, e que destinam parte considerável de sua produção ao mercado paulistano. Cinco empresas – JBS Friboi, Frialto/ Vale Grande, Guaporé Carne, Quatro Marcos e Pantanal – foram identificadas adquirindo animais do pecuarista, entre novembro de 2008 e agosto de 2010. As vendas foram realizadas a partir da Fazenda Beira Rio II, localizada em Itaúba (MT). É importante ressaltar que Ricardo José de Oliveira Filho movimenta gado de suas terras em Marcelândia (MT) para a Fazenda Beira Rio II.

Não há nenhuma comprovação, neste caso específico, de que os bois e vacas transferidos tenham originalmente pastado em área embargada – algo que é proibido por lei, e que prevê inclusive punições para o comprador da produção. No entanto, dada a falta de fiscalização no corriqueiro trânsito de animais entre fazendas, a compra de animais de um produtor com embargo, mesmo que de uma fazenda sem problemas ambientais, também representa risco aos frigoríficos. Essa realidade reforça a necessidade de se restringir, de forma ampla, toda a aquisição de matéria-prima advinda de produtores presentes na lista de embargos do Ibama.

Relação com o consumidor paulistano

Todos os frigoríficos identificados adquirindo gado de Ricardo José de Oliveira Filho possuem, historicamente, relação de fornecimento para mercados e supermercados da capital paulista. Os quatro maiores grupos varejistas da cidade – Pão de Açúcar, Carrefour, Walmart e Sonda – vendem carne proveniente do JBS Friboi.

Produtos do JBS Friboi derivados da pecuária chegam ao consumidor através de diversas marcas, tais como: Swift, Maturatta e Organic Beef (carnes); Vigor e Lego (lácteos); Bio Briz e Lavarte (higiene e limpeza) e Funpet (produtos para animais de estimação).

Também estão nas prateleiras do varejo paulistano os produtos do Frialto/ Vale Grande – que mantém relações comerciais com os grupos Carrefour, Pão de Açúcar e a fabricante de cortes especiais Wessel. Já o Guaporé Carne é fornecedor, por exemplo, do grupo Pão de Açúcar.

O que dizem as empresas

Indagado sobre a comercialização envolvendo o pecuarista Ricardo José de Oliveira Filho, o grupo JBS Friboi informou que segue rigorosamente a determinação de não comprar bois de fazendas embargadas pelo Ibama.

No entanto, é importante lembrar que, de acordo com o pacto da pecuária do Conexões Sustentáveis – do qual a JBS é signatário –, o compromisso de não adquirir insumos de produtores incluídos na lista de embargos do Ibama estende-se a todos os empreendimentos do fornecedor. Sobre o cumprimento dessa diretriz, o JBS Friboi afirmou que “está analisando este item e em breve terá uma definição de como proceder, pois impacta fortemente na questão econômica para cada planta de abate.”

O grupo Vale Grande/ Frialto, outro signatário do pacto do Conexões Sustentáveis, também afirmou que as restrições comerciais impostas pela empresa em relação à lista de áreas embargadas do Ibama restringem-se às propriedades objeto de embargo. “É comum determinado produtor ter várias propriedades. No presente caso, conforme consta, o embargo refere-se a uma propriedade localizada em Marcelândia (MT), ao passo que adquirimos da propriedade de Itaúba (MT), a qual possui embargos, portanto está liberada para o comércio”, argumenta a empresa.

Contatado pelo Conexões Sustentáveis, o Guaporé Carne não se manifestou. As diretorias do Pantanal e do Quatro Marcos, por sua vez, não foram localizadas.

Em nota, o Grupo Pão de Açúcar afirma que “solicitou imediatamente esclarecimento por parte dos fornecedores envolvidos”. Além disso, a resposta da companhia diz ainda que, “confirmadas as evidências, tomará medidas cabíveis, como a suspensão dos contratos de fornecimento, até que a situação esteja resolvida”.

O Walmart declarou que, nos últimos anos, vem desenvolvendo diversas ações visando adequar os produtos que comercializa aos critérios do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e dos pactos setoriais do Conexões Sustentáveis. A empresa reconhece, no entanto, que os resultados ainda não são suficientes. “Temos mantido discussões constantes com os fornecedores indicados no estudo para buscar as soluções necessárias”, atesta nota emitida pela Vice Presidência de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade.

O Carrefour informou, através de nota, que tem um rígido controle para evitar, em todas as linhas de produto que comercializa, compras de áreas que violam as legislações ambientais e trabalhistas. Em relação aos seus fornecedores listados no estudo, a empresa afirma ter entrado em contato solicitando esclarecimentos sobre os fatos relatados. “Foi informado que as compras de matéria-prima ou insumos não foram realizadas em áreas embargadas ou constantes da lista suja”, diz o Carrefour.

Mais uma vez, é importante esclarecer que, de acordo os pactos do Conexões Sustentáveis – que têm o Carrefour como signatário –, as empresas não devem adquirir insumos de quaisquer empreendimentos pertencentes a fornecedores incluídos na lista de embargos do Ibama ou na “lista suja” do trabalho escravo, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ou seja, o compromisso não se restringe apenas à área específica que constar de uma dessas duas listas.

Procurados, o grupo Sonda e a fabricante de cortes especiais Wessel não se manifestaram.

Anexo

Clique aqui para acessar um PDF com a íntegra do posicionamento das empresas.

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admin <![CDATA[Carne: crimes ambientais, conflitos fundiários]]> http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?p=141 2011-02-09T16:44:47Z 2011-02-01T02:34:45Z  

As empresas

JBS Friboi, Mataboi, Pantanal e Quatro Marcos.

Perfis

O grupo JBS Friboi é, atualmente, a maior empresa do mundo no setor de carne bovina, atuando também em outros segmentos derivados da pecuária, como a fabricação de couros, produtos PET, biodiesel e produtos de higiene e limpeza. Possui cerca de 140 unidades de produção espalhadas por diversos países.

O Mataboi, fundado em 1949, é dono de unidades frigoríficas em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo.

Atualmente em recuperação judicial, Quatro Marcos e Pantanal concentram suas operações de abate principalmente no Mato Grosso.

O problema

Entre 2009 e 2010, os frigoríficos adquiram gado de pecuarista envolvido em conflitos fundiários e identificado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em 2008, como um dos maiores desmatadores da Amazônia.

O caso

Dono de diversas propriedades no Mato Grosso (MT), João Maria de Almeida possui, desde 2006, mais de 4 mil hectares de terras embargados na Fazenda Sol Vermelho – atualmente denominada Fazenda Vó Jacy –, em Vila Rica (MT). Trata-se de uma área equivalente à soma dos bairros paulistanos da Barra Funda, Jaraguá, Jaguaré, Lapa, Perdizes e Vila Leopoldina.

As diversas autuações lavradas contra o produtor no local incluem, por exemplo, desmatamento ilegal de floresta amazônica, uso de fogo sem autorização e instalação de represas sem licenciamento. Por conta da destruição identificada, o produtor figura, em lista divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em 2008, na 21ª posição entre os cem maiores desmatadores da Amazônia.

Problemas ambientais não são os únicos relacionados à presença de João Maria de Almeida em Vila Rica. A região da atual Fazenda Vó Jacy também é palco de conflitos fundiários entre o fazendeiro e dezenas de famílias que se instalaram no local. Em denúncias enviadas às autoridades – e que foram relatadas na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra, realizada pelo Congresso Nacional –, os posseiros afirmam serem vítimas de pressões e ameaças para abandonar a área.

Em 2010, a partir de suas terras em Vila Rica, João Maria de Almeida vendeu gado à unidade do frigorífico Quatro Marcos localizada neste mesmo município. O pecuarista também é dono da Fazenda Pai João, em Itiquira (MT), da qual receberam animais, entre 2009 e 2010, os frigoríficos Mataboi (unidade de Rondonópolis, MT), JBS Friboi (unidade de Pedra Preta, MT) e Pantanal (unidades de Rondonópolis, MT, e Várzea Grande, MT). É importante ressaltar que João Maria de Almeida comprovadamente transfere à Fazenda Pai João bovinos oriundos de Vila Rica, onde foi autuado por crimes ambientais e está envolvido em conflitos fundiários.

Relação com o consumidor paulistano

O JBS Friboi tem seus produtos vendidos pelos principais grupos varejistas em atuação na cidade de São Paulo – Pão de Açúcar, Carrefour, Walmart e Sonda. Além de abastecer açougues, mercados e supermercados com cortes in natura, o grupo também atua através de marcas próprias de carne como, por exemplo, Swift, Maturatta e Organic Beef. No setor de lácteos, é detentor de diversas marcas, como, por exemplo, Leco e Vigor.

O Mataboi – que também atua através de marca própria, a Di Prima – foi identificado pelo Conexões Sustentáveis vendendo seus produtos no Pão de Açúcar e Walmart.

O que dizem as empresas

Indagado sobre a comercialização envolvendo o pecuarista, o grupo JBS Friboi afirmou que tem como política não realizar nenhuma compra de fazendas com embargo lavrado pelo Ibama.

No entanto, é importante lembrar que, segundo o pacto da pecuária do Conexões Sustentáveis – do qual o JBS é signatário –, o compromisso de não adquirir insumos de produtores incluídos na lista de áreas embargadas estende-se a todos os empreendimentos do fornecedor. Sobre o cumprimento dessa diretriz, o JBS Friboi afirmou que “está analisando este item e em breve terá uma definição de como proceder, pois impacta fortemente na questão econômica para cada planta de abate.”

O Mataboi informou que consulta, antes da realização de negócios com pecuaristas, a “lista suja” do trabalho escravo e a relação de áreas embargadas pelo Ibama. No entanto, a relação comercial com João Maria de Almeida de fato ocorreu porque, ao menos até aquele momento, as restrições limitavam-se às propriedades com passivos ambientais, e não a todos os empreendimentos do fornecedor. “A empresa estará revendo suas ferramentas de averiguação da regularidade social de seus fornecedores no intuito de evitar adquirir matéria-prima de pessoas que não atendam a estas normas”, revelou a companhia.

Procuradas, as diretorias do Pantanal e do Quatro Marcos não foram localizadas.

Em nota, o Grupo Pão de Açúcar afirma que “solicitou imediatamente esclarecimento por parte dos fornecedores envolvidos”. Além disso, a resposta da companhia diz ainda que, “confirmadas as evidências, tomará medidas cabíveis, como a suspensão dos contratos de fornecimento, até que a situação esteja resolvida”.

O Walmart declarou que, nos últimos anos, vem desenvolvendo diversas ações visando adequar os produtos que comercializa aos critérios do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e dos pactos setoriais do Conexões Sustentáveis. A empresa reconhece, no entanto, que os resultados ainda não são suficientes. “Temos mantido discussões constantes com os fornecedores indicados no estudo para buscar as soluções necessárias”, atesta nota emitida pela Vice Presidência de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade.

O Carrefour informou, através de nota, que tem um rígido controle para evitar, em todas as linhas de produto que comercializa, compras de áreas que violam as legislações ambientais e trabalhistas. Em relação aos seus fornecedores listados no estudo, a empresa afirma ter entrado em contato solicitando esclarecimentos sobre os fatos relatados. “Foi informado que as compras de matéria-prima ou insumos não foram realizadas em áreas embargadas ou constantes da lista suja”, diz o Carrefour.

Mais uma vez, é importante esclarecer que, de acordo os pactos do Conexões Sustentáveis – que têm o Carrefour como signatário –, as empresas não devem adquirir insumos de quaisquer empreendimentos pertencentes a fornecedores incluídos na lista de embargos do Ibama ou na “lista suja” do trabalho escravo, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ou seja, o compromisso não se restringe apenas à área específica que constar de uma dessas duas listas.

Procurado, o grupo Sonda não se manifestou.

Anexo

Clique aqui para acessar um PDF com a íntegra do posicionamento das empresas.

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admin <![CDATA[Ouro em grão, desmatamento ilegal]]> http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?p=137 2011-02-08T02:01:20Z 2011-02-01T02:27:28Z  

As empresas

Noble Group e Caramuru.

Perfil

Criada em Hong Kong há duas décadas, o Noble Group tem suas operações no Brasil sediadas em São Paulo (SP). É uma das principais corporações do mundo no mercado de commodities agrícolas e minerais. Só no primeiro semestre de 2010, seu faturamento chegou a US$ 24 bilhões. O Noble Group tem cerca de 150 escritórios e plantas industriais espalhados por 38 países de cinco continentes, empregando mais de 11 mil pessoas. No Brasil, além de investir no segmento da soja, também tem ativos na produção de etanol.

Fundada em 1964, em Maringá (PR), a Caramuru é o maior grupo de capital nacional no setor de processamento de soja, milho, girassol e canola. Em 2009, seu faturamento chegou a R$ 2,2 bilhões – só no “complexo soja”, o grupo industrializou mais de 32 milhões de toneladas e exportou um montante de US$ 462 milhões. As empresas ligadas à Caramuru empregam 2,5 mil funcionários e estão instaladas nos estados de Goiás, Paraná, Mato Grosso e São Paulo.

O problema

As empresas adquiriram soja de Lenoir Bachinski, produtor incluído na lista dos 100 maiores desmatadores da Amazônia.

O caso

Lenoir Bachinski é produtor de soja no estado do Mato Grosso. Desde julho de 2008, uma área de 2,6 mil hectares de sua Fazenda Cascavel, localizada no município de Claudia (MT), está embargada devido à exploração ilegal de vegetação nativa. A imensa área devastada levou Lenoir Bachinski a figurar na posição de número 52 na lista dos 100 maiores desmatadores da Amazônia, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em 2008. Ele também foi multado pelo órgão ambiental em um valor superior a R$ 800 mil.

Apesar desses problemas, a unidade industrial de Sorriso (MT) do Noble Group adquiriu, em 2009, soja deste produtor. Já a unidade da Caramuru também localizada no município de Sorriso fez negócios com Lenoir Bachinski em junho de 2010.

Relação com o consumidor paulistano

O Noble Group tem sua sede instalada em São Paulo (SP). Já a Caramuru produz as marcas de alimentos Sinhá e Equivita, encontradas em alguns supermercados de pequeno porte da capital paulista.

O que dizem as empresas

Por telefone, um dos diretores do Noble Group no Brasil, Oséas Oliveira, apenas informou a um pesquisador do Conexões Sustentáveis São Paulo – Amazônia que a empresa jamais havia feito qualquer negócio com o produtor Lenoir Bachinski. Porém, o mesmo diretor se recusou a enviar uma resposta por escrito que documentasse oficialmente a posição da empresa.

A direção da Caramuru, por sua vez, afirmou que o produtor Lenoir Bachinski “não faz parte do rol de clientes tradicionais da empresa” e “que, se for caso, se compromete a não adquirir mais produtos do mesmo”. Além disso, a Caramuru enviou cópia de uma escritura declaratória, registrada em cartório pelo próprio Lenoir Bachinski, na qual ele declara que não comercializará com a empresa a soja cultivada na área embargada de sua propriedade.

É importante ressalvar que a soja vendida pelo produtor ao Noble Group e à Caramuru era proveniente de uma fazenda localizada em União do Sul (MT), município vizinho ao de Cláudia, onde se encontra a fazenda que aparece na lista de áreas embargadas pelo Ibama. No entanto, os pactos empresariais do Conexões Sustentáveis defendem que as restrições comerciais devem ser aplicadas não somente à área objeto de embargo, mas a todos os empreendimentos do produtor cujo nome figura da lista do Ibama.

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